MEDICINA INTEGRATIVA COMO TRATAMENTO PALIATIVO NA MEDICINA VETERINÁRIA

Foto: Sviatlana Barchan/iStock
Por: Anna Luiza Cardoso da Costa; Gabriele Cristina Ferreira Maia; Mariana Domingues Camurça; Miriam Ramalho Alves e Aline Zoppa

Resumo

A medicina integrativa é apresentada como uma abordagem complementar à medicina convencional, que busca o bem-estar do paciente. Por outro lado, o cuidado paliativo visa melhorar a qualidade de vida de animais com doenças graves, como o câncer, através do alívio de sintomas e do sofrimento, em vez de buscar a cura completa.

No contexto da oncologia veterinária, tanto a medicina integrativa quanto o cuidado paliativo desempenham papéis importantes. A medicina integrativa oferece uma variedade de práticas terapêuticas que podem ajudar a aliviar sintomas, reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

O cuidado paliativo na oncologia veterinária também envolve uma abordagem multidisciplinar, com a participação de médicos veterinários, enfermeiros, terapeutas e tutores dos animais. O objetivo é proporcionar conforto e dignidade aos pacientes durante a fase avançada da doença, incluindo o controle da dor, a gestão de sintomas e o suporte emocional.

Com a presente revisão objetivou-se pesquisar livros e artigos científicos sobre o uso da medicina integrativa como tratamento paliativo na medicina veterinária, no intuito de demonstrar como pode ser oferecida uma abordagem abrangente e compassiva para o tratamento paliativo de animais com câncer, melhorando sua qualidade de vida.

Palavras-chave: medicina integrativa, tratamento paliativo, oncologia veterinária, oncologia integrativa, medicina veterinária.

Abstract

Integrative medicine is presented as a complementary approach to conventional medicine, aiming at the well-being of the patient. On the other hand, palliative care aims to improve the quality of life of animals with serious illnesses, such as cancer, by relieving symptoms and suffering, rather than seeking complete cure.

In the context of veterinary oncology, both integrative medicine and palliative care play important roles. Integrative medicine offers a variety of therapeutic practices that can help alleviate symptoms, reduce stress, and improve the quality of life of patients.

Palliative care in veterinary oncology also involves a multidisciplinary approach, with the participation of veterinarians, nurses, therapists, and animal guardians. The goal is to provide comfort and dignity to patients during the advanced stages of the disease, including pain management, symptom control, and emotional support.

With this review, the aim was to explore books and scientific articles on the use of integrative medicine as palliative treatment in veterinary medicine, in order to demonstrate how a comprehensive and compassionate approach can be offered for the palliative care of animals with cancer, thus improving their quality of life.

Keywords: integrative medicine, palliative treatment, veterinary oncology, integrative oncology, veterinary medicine

Introdução

A medicina integrativa consiste em uma abordagem integral utilizada em contrapartida a medicina convencional. No entanto, é equivocado frisar que os métodos tradicionais utilizados na Medicina devem ser ignorados, pois a medicina integrativa aborda além da medicina clássica e integra terapias alternativas que possuem o escopo de fornecer qualidade de vida aos pacientes.

Portanto, é necessário afirmar que ambos se complementam e não atuam de maneira excludente.

Antagônico ao que é disseminado, pode-se afirmar que a Medicina Integrativa é realizada baseada em dados científicos com evidências empíricas (GIRONDOLI, 2021) que trará um tratamento complementar ao paciente, bem como influenciará de maneira peculiar na qualidade de vida deste animal.

Objetivo e Métodos

A presente revisão de literatura tem como objetivo principal explorar o uso da medicina integrativa como tratamento paliativo na medicina veterinária no âmbito da oncologia de pequenos animais, analisando sua relevância, capacidade terapêutica e efeitos positivos e negativos no tratamento.

Foi realizada uma revisão narrativa que investigou a produção do conhecimento sobre o uso da medicina integrativa como tratamento paliativo. Foram pesquisadas as seguintes bases de dados: Google Acadêmico, PUBMED, SciELO e livros impressos, publicados no período de 2019 a 2024. Os termos de busca utilizados foram: medicina integrativa, tratamento paliativo, oncologia veterinária, oncologia integrativa, medicina veterinária, neoplasia, cães, gatos, tratamento e qualidade de vida. A coleta de dados se deu entre março e abril de 2024.

Conceito e Objetivo do Paliativismo

O paliativismo na medicina veterinária é uma prática essencial que visa melhorar a qualidade de vida dos animais durante a progressão de doenças graves, como câncer e síndromes paraneoplásicas. Esta abordagem se concentra em aliviar o sofrimento, controlar os sintomas e proporcionar conforto, em vez de buscar a cura completa da doença (MENINE, 2019) (ANCLIVEPA-SP, 2023).

Diferentemente dos tratamentos curativos, os cuidados paliativos não buscam a cura completa, mas sim o alívio dos sintomas e o bem-estar do paciente. Este ato de cuidar visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença com risco de vida por meio da prevenção e alívio do sofrimento. (WHO, 2019).

O objetivo principal dos cuidados paliativos é proporcionar conforto e dignidade aos animais durante a fase avançada da doença. Isso inclui o controle da dor, a gestão de sintomas e a promoção de uma vida mais tranquila e menos angustiante para o paciente. (MENINE, 2019)

Ambas as medicinas, veterinária e humana, são utilizados como base para a “regularização” dos cuidados paliativos. Ao que se refere a aplicação na medicina veterinária, houve ajustes para uma melhor adequação aos serviços prestados pelos profissionais veterinários (MAROCCHINO, 2011).

Umas das principais diferenças entre essas medicinas é a utilização da eutanásia em animais quando recomendado por um profissional e houver aprovação da conduta por parte do tutor.

O objetivo do paliativismo pode ser definido de forma objetiva pelo termo utilizado hospice, que de acordo com o End-of-Life Care Guidelines (2016) define-se como:

O termo hospice representa uma filosofia ou programa de cuidado direcionado para as necessidades físicas, emocionais e sociais de animais nos estágios avançados de uma doença ou incapacidade progressiva que limita a vida. Hospice care para animais é fornecida para pacientes no momento do diagnóstico até a morte do animal.

Indicações do Paliativismo na Oncologia Veterinária

Os cuidados paliativos são frequentemente aplicados a pacientes com câncer ou outras doenças oncológicas. Quando o tratamento curativo não é viável ou quando o animal está em estágio avançado da doença, o paliativismo se torna crucial (SANTOS, 2019).

Em alguns casos, a eutanásia pode ser considerada como parte dos cuidados paliativos. A decisão de realizar a eutanásia é delicada e deve ser tomada com base no bem-estar do animal e na qualidade de vida. A eutanásia pode ser uma opção quando o sofrimento é intenso e não pode ser aliviado de forma adequada (MENINE, 2019) (ANCLIVEPA-SP, 2023) (SANTOS, 2019).

Para implementar o paliativismo, efetivamente, é essencial ter uma equipe multidisciplinar. Essa equipe inclui médicos veterinários, enfermeiros, terapeutas e outros profissionais de saúde. Os tutores também desempenham um papel importante no cuidado do animal durante os cuidados paliativos (SHANAN et al., 2016).

Em resumo, o paliativismo na medicina veterinária é uma abordagem compassiva que visa proporcionar conforto e dignidade aos animais afetados por doenças graves. É fundamental considerar o bem-estar do animal e envolver toda a equipe no processo de cuidados.

Medicina Integrativa

Temos a medicina integrativa como uma ferramenta diferencial que alcança pacientes em que somente o modelo terapêutico tradicional não exerceu com eficiência seu papel primordial: curar. Sendo assim, haverá uma abordagem terapêutica no qual se adequará ao paciente em vários âmbitos, considerando assim não somente o físico, mas também a mente e o espírito (ROHDE et al., 2021).

A medicina integrativa é uma prática médica que observará o paciente como um todo, analisando-o como um ser único, pois necessita de um olhar diferenciado a fim de acompanhá-lo adequadamente, tendo em vista a carência do paciente, poderá sofrer alterações ou permanecer em uma constância.

Os tratamentos não convencionais estão em ascensão na Medicina Veterinária, contudo ainda enfrentam um pouco de ceticismo. Porém, cresce uma mudança em como a medicina integrativa é vista tanto por médicos veterinários, bem como pelos tutores (CRMV-SP, 2019). Isto porque é observado que com a utilização de uma prática médica integrativa temos, por exemplo, mudanças benéficas gradativas diante de algumas patologias, aumento das chances de cura ou até mesmo a possibilidade de amenizar efeitos colaterais diante de tratamentos oncológicos. Há um grande universo de possibilidades e sua utilização tem exigido dos profissionais mais especializações a fim de promover saúde e bem-estar, consequentemente, beneficiar os pacientes.

Pode-se observar que nos últimos anos vem crescendo a utilização de tratamentos oriundos da Medicina Integrativa, tais como: Massagem terapêutica, Quiropraxia, Acupuntura, Aromaterapia, Homeopatia, Cinesioterapia, Alongamento, Termoterapia, Hidroterapia, Campo Eletromagnético, Eletroterapia, Fotobiomodulacão, Ozonioterapia e seus resultados têm demonstrado respostas promissoras. Com isso, é de suma importância o seu papel não somente no quesito cura, mas também no que tange à tratamentos paliativos que focarão no bem-estar deste animal.

Indicação da Medicina Integrativa na Oncologia Veterinária

Atualmente, tem sido muito utilizado métodos terapêuticos alternativos, a fim de oferecer ao animal uma qualidade de vida, e isso é observado de maneira intrínseca quando há animais em tratamento oncológico, tendo em vista que a medicina integrativa, também é utilizada com o desígnio de amenizar possíveis efeitos colaterais devido as sessões pós quimioterápicas ou até mesmo no que se refere a própria dor oncológica.

A dor oncológica, segundo Dalleck (2016), será altamente prejudicial ao animal e, por conseguinte, ocorrerá alterações nos sistemas fisiológicos, por exemplo, gastrointestinal, respiratório e cardiovascular. Diante disso, o sistema imunológico sofrerá absurdamente, o que afetará drasticamente o paciente oncológico e sua qualidade de vida. Por isso, ao utilizarmos as abordagens corretas e diversas da medicina integrativa, pode-se atingir o bem-estar para o paciente.

A Oncologia Integrativa utilizará de condutas com potencial terapêutico, o qual beneficiará o paciente, seja durante o curso do tratamento oncológico ou até mesmo quando o protocolo utilizado, já é o tratamento paliativo, do qual muitas vezes além da qualidade de vida, também proporciona sobrevida acima das expectativas.

Diante de vários modelos terapêuticos utilizados com objetivo de agir em cada particularidades, após uma avaliação detalhada, pode-se utilizar o protocolo terapêutico adequado, sendo a título de exemplo, Cannabis medicinal que pode ser empregado para dor crônica (FILHO,2023), Viscum Album (CARVALHO E VALLE, 2022), acupuntura, homeopatia injetável, cromoterapia entre outros.

Por fim, é de suma importância frisar que a Medicina Integrativa é essencial na Medicina Veterinária, bem como aos seus pacientes, tendo em vista os resultados benéficos trazidos no que tange alcançar o bem-estar animal com eficiência e grande potencial terapêutico.

Práticas integrativas no cuidado paliativo veterinário

  1. Homeopatia

A homeopatia é considerada uma especialidade na Medicina Veterinária, seus medicamentos podem não alterar a duração e gravidade de doenças oncológicas, mas tem papel fundamental em aliviar sintomas e sinais clínicos que o paciente apresenta e pode apresentar durante a enfermidade, sendo essa, sua principal indicação (UEHARA, 2023).

O tratamento é individualizado e leva em conta o caso e estado de cada paciente, considerando sinais, sintomas, comportamento e características próprias (UEHARA, 2023).

  1. Aromaterapia

O principal benefício da aromaterapia em pacientes oncológicos são os psicológicos, ajudando na diminuição de ansiedade, melhoria da qualidade de vida e redução do estresse, que, dependendo dos casos, o paciente oncológico pode sofrer com muita frequência (WITHROW; VAIL, 2007).

  1. Acupuntura

A técnica paliativa de acupuntura é realizada através de agulhas em pontos específicos do corpo do animal que, nesses pontos, produzem efeitos locais anti-inflamatórios, analgésicos, promovem vasodilatação, libertam opióides endógenos e neuromoduladores. Assim, promovem o bem-estar e ativam o sistema de inibição de dor, fazendo com que o paciente tenha uma melhora na

qualidade de vida, além de melhora dos sintomas e sinais clínicos também (PAIS, 2022).

  1. Alongamento

O alongamento é uma técnica terapêutica voltada para a flexibilidade. A prática mantém e restaura, principalmente, músculos, tendões e ligamentos (CARAMICO, 2018).

Suas indicações são diversas, entre as principais estão diminuição de dores e desconfortos musculares, melhora da coordenação motora, aumento do relaxamento muscular, melhora da circulação sanguínea e boa mobilidade muscular e articular (CARAMICO, 2018).

  1. Cinesioterapia

Na prática da cinesioterapia, empregam-se exercícios terapêuticos para auxiliar na mobilidade, em disfunções, alongar, fortalecer, restaurar ou manter a força, auxiliar na coordenação motora e conservar a funcionalidade do organismo (KLOS; COLDEBELLA; JANDREY, 2020).

Os exercícios e o tratamento com a cinesioterapia são desenvolvidos conforme o melhoramento ou piora de cada caso, além do quadro clínico do paciente e a resposta do mesmo (KLOS; COLDEBELLA; JANDREY, 2020).

  1. Quiropraxia

A quiropraxia é uma prática integrativa bem utilizada em casos de pacientes com, principalmente, perdas de flexibilidade e problemas articulares e musculares. A terapia envolve a manipulação da coluna vertebral, visto que, é baseada no princípio em que a saúde da coluna vertebral é vital para a saúde global do animal, além de manipular, também, articulações (SILVA; ALVES; FILADELPHO, 2008).

Uma área afetada referente a flexibilidade, o animal tende a compensar colocando o peso em outras áreas e com outras partes do corpo, essa compensação poderá gerar danos em outras áreas, além do estresse (SILVA; ALVES; FILADELPHO, 2008). Em pacientes oncológicos, a dor pode estar

presente e ter como efeito adverso a diminuição da mobilidade, por exemplo. É uma das ocasiões em que a quiropraxia pode ser uma boa terapia integrativa (MENINE, 2021).

  1. Massagem Terapêutica

A massagem terapêutica é uma técnica que tem como indicações para alívio de dores, atrofias musculares, manter a condição e tonificação muscular, promove relaxamento, evita desconforto e pode também ser usada para acalmar e relaxar os animais (CARAMICO, 2018).

Sua contraindicação na oncologia veterinária é na presença de tumores malignos no local. Além de ser contraindicada também a animais muito agressivos ou que não toleram massagens (CARAMICO, 2018).

  1. Campo eletromagnético – Magnetoterapia

A magnetoterapia utiliza campos magnéticos estáticos ou pulsados para tratar uma variedade de patologias, como osteoartrite, lesões musculares, feridas, dor crônica e inflamação, através da estimulação de processos biológicos que produzem efeitos na membrana celular.

O campo magnético agirá diretamente nas cargas elétricas das células do organismo, que reagirão através da reorientação das moléculas e dos átomos dipolares, permitindo a homeostase e a estabilização de células que possam estar em processo de ruptura ou apoptose (HUMMEL; VICENTE, 2019).

Entre os benefícios da magnetoterapia no tratamento paliativo, podemos citar o alívio da dor, melhora da mobilidade, aceleração da cicatrização e melhora da qualidade de vida do paciente.

Importante observar que essa terapia deve ser aplicada com precaução em pacientes idosos, para que fiquem expostos por um tempo curto e a uma baixa intensidade, evitando um relaxamento intenso. Além disso, pacientes neoplásicos também merecem atenção para o tratamento com referida terapia, uma vez que ainda não há um consenso na literatura a respeito dos parâmetros a serem utilizados nesses pacientes e seus benefícios.

Por fim, o uso do campo eletromagnético é contraindicado em pacientes com marca-passo, gestantes, portadores de lesões fúngicas e lesões agudas de hérnia de disco.

  1. Eletroterapia

A eletroterapia consiste na aplicação de corrente elétrica por meio de um estimulador, feita através da colocação de eletrodos na superfície da pele, por onde passam correntes de baixa intensidade, que não trazem risco para a saúde

É comumente empregada no tratamento de pacientes com distúrbios musculares ou ortopédicos, assim como no controle da dor aguda ou crônica, recuperação pós-fraturas, lesões na medula espinhal, fortalecimento muscular, e em diversas outras condições terapêuticas.

A corrente elétrica pode ser ajustada utilizando diferentes parâmetros. Estes podem ser configurados para induzir contrações musculares, quando se pretende aumentar a massa muscular ou para bloquear as terminações nervosas sensitivas, proporcionando alívio da dor.

As modalidades de correntes elétricas com fins terapêuticos mais utilizadas são a eletroestimulação neuromuscular (EENM) e a neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS).

A eletroestimulação neuromuscular (EENM) é uma corrente específica utilizada para aumentar a contratilidade e o diâmetro das fibras musculares, sendo recomendada para prevenir ou tratar a hipotrofia decorrente de claudicações prolongadas, lesões musculares, promover a recuperação funcional após cirurgias ortopédicas e aumentar o tecido muscular após lesões nervosas, tanto na medula espinhal quanto na inervação periférica.

A neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS) é utilizada para interromper o processo de recepção da dor pelo córtex, promovendo uma analgesia de efeito imediato, por meio do bloqueio da transmissão nociceptiva no corno dorsal da medula, bem como de efeito prolongado, através da liberação de opioides endógenos.

A eletroestimulação, por envolver estímulo elétrico direto, é contraindicado em pacientes com epilepsia, devido ao risco de desencadear ou aumentar as

crises convulsivas; pacientes com distúrbios de coagulação sanguínea, áreas de trombose ou tromboflebite, infecções, irritações cutâneas e neoplasias. Deve-se, ainda, evitar seu uso em regiões próximas ao coração, em pacientes com marca-passo, devido ao potencial de interferência no ritmo cardíaco (HUMMEL; VICENTE; LIMA, 2019).

  1. Fotobiomodulação – Laser

O laser é reconhecido como um biomodulador devido à sua capacidade de regular processos biológicos por meio da interação de fótons com os receptores celulares de luz. Esses fótons são absorvidos por cromóforos e/ou enzimas presentes na cadeia respiratória, mitocôndrias e membrana celular.

Esta interação desencadeia uma complexa rede de reações químicas e fisiológicas que resultam em diversos benefícios, tais como o aumento da produção de ATP, a normalização da função celular, a aceleração da regeneração celular, a promoção de analgesia e o controle da inflamação (DINIZ, 2019), o que melhora a qualidade de vida do paciente que se encontra em tratamento paliativo.

Entre as contraindicações ao uso do laser, podemos citar como principais a aplicação sobre placa de crescimento, o tratamento com medicamentos fotossensibilizantes, a aplicação sobre o útero de cadelas gestantes, pacientes neoplásicos, área com hemorragia ativa e aplicação sobre glândulas endócrinas.

  1. Hidroterapia

A hidroterapia é amplamente empregada na fisioterapia veterinária, conferindo vantagens significativas à recuperação funcional dos animais. Isso se dá pela redução da sensação dolorosa durante os movimentos, em comparação com exercícios terrestres, além de promover melhorias no desempenho cardiorrespiratório, graças à resistência adicional proporcionada pelas propriedades físicas da água, quais sejam, densidade relativa, empuxo, torque, pressão hidrostática, resistência e termodinâmica (MIKAIL, 2009).

A água exerce diversos efeitos fisiológicos no organismo, especialmente nos sistemas musculoesquelético, nervoso, cardíaco e respiratório,

apresentando benefícios na promoção da sensação de bem-estar, fortalecimento muscular, aumento da resistência muscular e cardiovascular, melhora da amplitude de movimento das articulações, alívio da dor pela redução no impacto das articulações, redução da tensão muscular ou espasmos (DINIZ, 2019).

As principais contraindicações no uso da hidroterapia como tratamento paliativo referem-se a presença de feridas abertas, infecções, disfunções cardíacas e respiratórias, incontinência urinária e diarreia.

  1. Ozonioterapia

A ozonioterapia é uma técnica terapêutica que utiliza o gás ozônio (O³) para proporcionar uma série de benefícios ao organismo. Estes vão desde efeitos sobre o sistema imunológico até a melhoria dos sistemas musculoesquelético, vascular e cardiorrespiratório. A terapia com ozônio estimula a reparação tecidual, possui ações bactericidas, fungicidas e viricidas, aumenta o metabolismo, melhora a perfusão sanguínea e controla os radicais livres, fortalecendo as ações antioxidantes naturais do corpo.

O mecanismo de ação do ozônio começa com sua capacidade de se difundir e penetrar nos tecidos, o que resulta em um aumento na circulação sanguínea por meio da oxidação e redução do tamanho das hemácias. Além disso, melhora a oxigenação e diminui a agregação plaquetária. Esses efeitos proporcionam benefícios como alívio da dor, redução da inflamação e modulação do sistema imunológico (JOAQUIM, 2019).

A ozonioterapia pode ser aplicada pela via local, intra-articular, por meio do sangue ozonizado (hemoterapia menor), bagging (bolsa) e insuflação retal.

Por ser um gás irritante das vias aéreas, sua aplicação deve ser evitada nessas áreas.

  1. Termoterapia

Trata-se da aplicação de frio e calor, com o objetivo de tratar diversas afecções ortopédicas e neurológicas, de forma simples, com fácil acesso e sendo a modalidade fisioterápica mais antiga que existe.

Os agentes térmicos podem induzir aquecimento de forma superficial ou profunda, dependendo da profundidade de penetração nos tecidos. Independente da extensão da energia térmica em questão, diversas manifestações fisiológicas serão desencadeadas pelo seu emprego, tais como aumento do metabolismo celular pelo incremento da temperatura, aumento da circulação sanguínea e linfática, alterações no tônus e na dor, alteração na viscosidade dos líquidos r aumento da resistência elástica dos tecidos. Essas manifestações fisiológicas geram efeitos terapêuticos, tais como, otimização do processo de reparação tecidual, alívio da dor, redução do espasmo muscular, reabsorção do edema e exsudato, aumento da amplitude de movimento (ARAÚJO, 2009).

A aplicação de frio, ou crioterapia, proporciona uma vasoconstrição e diminuição do metabolismo celular, com menor aporte de oxigênio, melhorando a possibilidade de sobrevida da célula, sendo suas principais indicações após a ocorrência de um trauma, em lesões inflamatórias agudas, edema e dor pós cirúrgica, espasmo muscular e neuralgias (HUMMEL, 2019).

Conclusão

Com base em todo o exposto, podemos observar que o tratamento paliativo em pacientes oncológicos é essencial, devendo levar em conta o histórico, doença, quadro clínico com sinais e sintomas, expectativa de vida, tratamento principal sendo realizado e prognóstico. As práticas integrativas trarão um tratamento complementar ao tratamento principal, mas sendo de extrema importância e efetividade na qualidade de vida e alívio do sofrimento de pacientes oncológicos.

É de suma importância conhecer as práticas integrativas para indicar e realizar a terapia que se encaixa melhor em cada caso e que proporcionará a melhor qualidade de vida e alívio dos sinais e sintomas clínicos.

Além disso, é essencial haver uma equipe multidisciplinar com médicos veterinários, especialistas e terapeutas, assim, oferecendo o melhor tratamento a cada paciente.

Dessa forma, formando uma equipe competente, tendo conhecimento das diversas técnicas paliativas e analisando cada caso de cada paciente, é possível fornecer a melhor qualidade de vida possível a pacientes oncológicos terminais.

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WITHROW, S.J. VAIL, D.M. Small Animal Clinical Oncology. 4 ed. San Luis: Saunders Elsevier, 2007. E-book. 846 p. Disponível em: https://www.academia.edu/42258979/Small_Animal_Clinical_Oncology. Acesso em: 20 abr. 2024.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Definition of Palliative Care. Geneva: WHO, 2019. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/. Acesso em: 25 abr. 2024

Anna Luiza Cardoso da Costa 
Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi (2021 – 2025); Integrante do Grupo de Estudos de Oncologia Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi (GEONCO) – Setor de palestrantes; Monitora de imagem do Complexo Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi (outubro/2023 – março/2024); Estágio extracurricular no laboratório Pets&Life em diagnóstico por imagem (agosto/2023 – setembro/2023); Estágio extracurricular no Complexo Veterinário Anhembi Morumbi no setor de imagem (setembro/2023 – outubro/2023); Graduada em Técnico de Auxiliar de Veterinário pelo Instituto Mega Escola (2020 – 2021).

Gabriele Cristina Ferreira Maia 
Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi (2021 – 2025); Integrante do Grupo de Estudos de Oncologia Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi (GEONCO) – coordenadora do setor de palestrantes; Monitora do Projeto de Extensão Shelter Medicine (agosto a dezembro de 2023); Estágio Extracurricular no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi em Clínica de pequenos (março de 2022) – Anamnese, colaboração em consultas, acompanhamento em exames de imagem; Estágio Extracurricular no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi em Cirurgia de pequenos (março de 2023) – Colaboração em consultas, procedimentos cirúrgicos e exames de imagem. Auxílio em cirurgia, contenção dos animais, tricotomia da região e antissepsia. Acompanhamento dos animais no pós-cirúrgico e demais procedimentos.


Mariana Domingues Camurça 
Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi (2023-2027); Integrante do Grupo de Estudos de Oncologia Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi – GEONCO (Jan/2024) – Setor de mídias Organizadora da Campanha de Prevenção Contra o Câncer 2024.1 – GEONCO; Estudante do Curso Técnico de Auxiliar Veterinário pela Faculdade Método de São Paulo (2023-julho/2024); Monitora de Laboratório da Faculdade Método de São Paulo (abril/2024-julho/2024); Experiência em clínica e internação de pequenos animais e laboratórios; Ouvinte de congressos, palestras, simpósios e semanas acadêmicas; Cursos realizados voltados para pequenos animais e Fisio farmacologia.

Miriam Ramalho Alves 
Advogada. Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Anhembi Morumbi (2021 – 2025). Integrante do Grupo de Estudos de Oncologia Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi (GEONCO) – coordenadora do setor científico.

 

Dra. Aline Zoppa
Professora de cirurgia desde 2001. Atendimento direcionado à Oncologia desde 2008. Ministra aulas e palestras em Cursos de pós-graduação e congressos. Coordenadora clínica do HOVET UAM desde 2017.