LEISHMANIOSE FELINA, O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

DOENÇA É EMERGENTE NA ESPÉCIE FELINA, MAS AS INFORMAÇÕES SOBRE ELA AINDA SÃO ESCASSAS

Foto: Imagem de Konstantin Kolosov por Pixabay

Por: Dra. Camila Eckstein

A Leishmaniose é uma doença conhecida, muito estudada e com protocolos de diagnóstico, tratamento e medidas de controle bem estabelecidos para os cães. Apesar de ser considerada uma doença emergente na espécie felina, as informações sobre a infecção são escassas, mesmo sendo comprovado o papel importante desta espécie como reservatório e transmissor do patógeno.
Os felinos, assim como os cães, tornam-se reservatórios da Leishmania para a infecção de outros mamíferos. A transmissão para outros indivíduos ocorre quando o flebótomo realiza um novo repasto sanguíneo em um animal contaminado e posteriormente inocula o parasita em um outro animal ou ser humano saudável. Outras formas de transmissão como a transfusão sanguínea e a transmissão venérea também devem ser consideradas, apesar de ainda não comprovada nos felinos. A doença tem sido identificada com maior frequência em gatos adultos que vivem em regiões endêmicas para a Leishmaniose. Os sinais clínicos são muito similares aos observados nos cães e incluem aumento de linfonodos, perda de peso, anemia, febre, dermatites, hiperqueratose, queda dos pelos, conjuntivite, vômito, sangramento pelo nariz e aborto. Nos gatos esses sinais clínicos aparecem de forma mais branda e intermitente, e a maioria dos felinos são assintomáticos, o que dificulta a suspeita clínica. A coinfecção com outras doenças, como FIV e FELV pode enfraquecer o sistema imunológico do animal e as alterações podem se tornar persistentes e mais intensas, ou ainda serem camufladas por alterações de outras patologias. Outro ponto importante é a similaridade das lesões da Leishmaniose com outra doença importante, a Esporotricose (Sporothrix schencii) com sinais clínicos similares. Devido a grande diferença entre as medidas de controle que devem ser adotadas para os animais infectados por esses patógenos, é essencial que seja realizado o diagnóstico diferencial destas doenças. Nos felinos o diagnóstico é negligenciado, apesar do protocolo em cães ser bem estabelecido.

Dra. Camila Eckstein Médica-veterinária mestre em Zootecnia pela UFMT- e doutora em Ciência Animal pela UFMG. Responsável Técnica Veterinária e Analista de Pesquisa Sênior na Bioclin.