Modalidade de atendimento tem suas vantagens, mas exige cuidado para que o veterinário não tenha prejuízo
Por Fabiano de Granville Ponce e Priscila Felberg
Em grandes cidades, cada vez mais, se valoriza a economia de tempo. Nelas, um dos maiores vilões é o trânsito. Ir “daqui até ali” e voltar, muitas vezes, ultrapassa uma hora. Este já seria um ótimo argumento para olharmos com carinho o atendimento de qualidade em domicílio, mas há outros.
Desde meados da primeira década dos anos 2000 os médicos-veterinários têm enfatizado a importância de realizar consulta de cães e gatos (gatos principalmente) em um ambiente que não seja estressante para eles. Ambientes estressantes comumente levam, por exemplo, a alterações em ritmos cardíaco e respiratório, provocam descarga de adrenalina que pode ocultar uma claudicação etc.
Atendê-los em sua própria casa minimiza toda essa situação, propiciando ao médico-veterinário um exame clínico mais acurado e um relacionamento mais próximo ao tutor, que quando satisfeito se torna cliente fiel e indica aos familiares, vizinhos e amigos. Inclusive, pode ser um aliado na terapia proposta para o pet, visto que tem uma proximidade maior ao veterinário e um acesso mais fácil para tirar dúvidas.
Mais do que isso: com o avanço da tecnologia, há equipamentos, como os das marcas Seamaty e Foco Vet, que têm tamanhos reduzidos e são vendidos a preços cada vez mais acessíveis. Portanto, hoje, um atendimento em domicílio pode oferecer também exames hematológicos (hemograma, bioquímico, gasometria, eletrólitos etc.), o que traz praticidade para o tutor e para o veterinário, além de melhorar a qualidade assistencial. Afinal de contas, temos os resultados em aproximadamente 15 minutos. Pensando como negócio, trata-se de uma possibilidade a mais de faturamento, além de ser um importante diferencial competitivo.
PRECIFICAÇÃO
Porém, realizar consultas em domicílio tem os seus segredos: é importante roteirizar suas consultas e retornos. Em outras palavras, procurar marcar visitas em locais sempre próximos para minimizar o tempo no trânsito. E ao precificar uma consulta, levar em consideração o gasto com combustível, a manutenção do carro, as horas de deslocamento e a praticidade do cliente (sim, entra também como critério de precificação). Não se esqueça que se você cobra R$ 300,00 o valor da consulta, que dura uma hora, mas você leva uma hora para ir e outra para voltar, estamos falando de um total de 3horas. Portanto, você não estaria recebendo R$300,00/h (valor da consulta), estaria recebendo R$ 100,00/h.
RETORNO DA CONSULTA
Outro tópico importante é o retorno da consulta. É de suma importância deixar claro para o tutor como esse retorno será feito. Se for presencial, existe a necessidade da cobrança da taxa de visita pelos mesmos fatores citados anteriormente, afim de que você não tenha prejuízos.
O retorno pode também ser por aplicativo de mensagens ou online, uma modalidade de atendimento aceita hoje em dia pelo conselho de classe.
ORGANIZAÇÃO
Outro desafio é organizar endereços, prontuários, lembretes etc. Há um ERP (sistema veterinário) de nome GuiaVet que foi desenvolvido pensando nos veterinários que fazem consultas em domicílio ou são volantes. Além disso, seria ideal o médico-veterinário que faz atendimento em domicílio, abrir uma empresa ME (Simples Nacional) e organizar as finanças da sua empresa (que é ele mesmo) separadamente das finanças da pessoa física, como qualquer empresário faz. Dessa forma, trazendo organização e mais profissionalismo para seus atendimentos.
Esperamos ter contribuído. Entendemos que o futuro do atendimento domiciliar é bastante promissor.
Fabiano de Granville Ponce, Médico-veterinário, formado pela Universidade de São Paulo (USP), com MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral (FDC) e Pós-MBA em Oxford (USA). Cofundador da Hovet Pompéia e Diretor de Operações da VetFamily Brasil (Instagram:@vetfamilybrasil ou www.vetfamilybrasil.com.br)
Priscila Felberg, Médica-veterinária especializada em Manejo de Comportamento do Cão e do Gato pela PUC/Paraná; em Clínica de Felinos pela Anclivepa/São Paulo e sócia e responsável técnica do Oito Patas Petshop. Contatos:@oitopataspetshop ou @prifelberg